quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Celulares, MP3 e tablets causam impacto no planeta, alerta associação

  

São pequenos, leves e tentadores, mas os celulares, os MP3, os tablets ou outros brinquedinhos eletrônicos que dominarão as árvores de Natal este fim de ano têm um impacto notável sobre o ambiente.

De sua fabricação, que requer a extração de minerais raros que geram emissões de CO2, até o final de sua vida, quando devem ser submetidos a um processo de reciclagem nem sempre empregados, estes aparelhos têm todas as características necessárias para não integrar a lista de presentes dos defensores do ambiente.
"São aparelhos em miniatura, com um aspecto inofensivo, mas têm um impacto ambiental colossal: para extrair pequenas quantidades de minerais, é preciso desmatar hectares de florestas e espaços naturais", denuncia Annelaure Wittmann, da Associação Amigos da Terra.
Wittmann cita o exemplo República Democrática do Congo (RDC), onde a extração de mineral indispensável para a fabricação de celulares ameaça as populações de gorilas. A ONG já lançou ataques contra o iPad da Apple, criticando "o incrível desperdício de matérias-primas que sua fabricação requer".
Em termos de gases de efeito estufa, a compra de equipamentos eletrônicos representa de 6% a 7% das emissões anuais de um cidadão francês, mais da metade das quais vem de televisores, segundo Jean-Marc Jancovici do gabinete de assessoria Carbone 4.
O Centro Nacional francês de Informação Independente sobre Dejetos (Cniid, na sigla original), que milita por uma redução destes resíduos, denuncia "a estratégia deliberada" dos fabricantes destes aparelhos ao reduzir a duração de sua vida ativa, porque são dificilmente reparáveis ou porque estão submetidos à "ditadura da moda".
"São vendidos como coisas indispensáveis de ter, dando a impressão de que não se pode viver sem um iPhone", lamenta Hélène Bourges, encarregada do Cniid.
A importante taxa de renovação destes aparelhos - a cada dois anos para os celulares, por exemplo - causa um problema, já que muitos deles são descartados quando podiam ser úteis.
Esses aparelhos, cujos componentes são de forte poluição, não devem ser jogados em latas de lixo comum, e sim em lugares de reciclagem especiais, recorda Christian Brabant, diretor-geral da Eco-systèmes, o organismo francês que gerencia desde 2006 o recolhimento de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos.
Atualmente, menos da terça parte dos aparelhos vendidos no mercado é colocada ao fim de sua vida útil nesses locais de reciclagem (6,5 kg por habitante por 22 quilos de produtos comercializados em 2009).
"Muitos aparelhos são guardados ou jogados no lixo. A prioridade é levá-los aos locais adequados ou devolvê-los ao distribuidor", explica.
Para quem, apesar de tudo, quer ganhar um novo smartphone de presente de Natal, é possível encontrar material de segunda mão, afirma Annelaure Wittmann, que aconselha, além disso, que sejam dados presentes mais virtuais, como um lote de músicas para ser baixado legalmente.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Saiba quais são as principais medidas adotadas em Cancún

O acordo firmado neste sábado em Cancún pela conferência da ONU sobre mudanças climáticas prevê uma série de mecanismos para combater o aquecimento global e permitir que os países mais pobres e vulneráveis se adaptem as suas dramáticas consequências.


Estes são seus pontos principais:


FUTURO DO PROTOCOLO DE KYOTO
- Convoca os países desenvolvidos a discutir uma nova fase de compromissos de redução de emissões sob o Protocolo de Kyoto, cuja primeira fase expira no final de 2012, "para garantir que não ocorra um hiato" entre os dois períodos. Não requer, por enquanto, que as nações assinem compromissos para o período posterior a 2012. Japão liderou a oposição à prolongação do Protocolo, alegando que é injusto porque não inclui os dois maiores emissores: Estados Unidos (porque não o ratificou) e China (por ser um país em desenvolvimento).

AJUDA PARA OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
 - Cria uma nova instituição, o Fundo Verde, para administrar a ajuda financeira dos países ricos aos mais pobres. Até agora, União Europeia, Japão e Estados Unidos prometeram contribuições que devem chegar a US$ 100 bilhões anuais em 2020, além de uma ajuda imediata de US$ 30 bilhões.
- Convida o Banco Mundial a servir como tesoureiro interino do Fundo Verde Climático por três anos.
- Estabelece um conselho de 24 membros para dirigir o Fundo, com igualdade de representação de países desenvolvidos e em desenvolvimento, junto com representantes dos pequenos Estados insulares, mais ameaçados pelo aquecimento.
- Cria um centro de tecnologia climática e uma rede para ajudar a distribuir o conhecimento tecnológico aos países em desenvolvimento, com o objetivo de limitar as emissões e se adaptar aos impactos das alterações climáticas.

MEDIDAS PARA FREAR O AQUECIMENTO
- Salienta a necessidade urgente de realizar "fortes reduções" nas emissões de carbono para evitar que a temperatura média do planeta aumente mais de 2ºC em comparação com os níveis da era pré-industrial.
- Convoca os países industrializados a reduzir suas emissões entre 25% e 40% em 2020 em relação ao nível de 1990. Esta parte encontra-se incluída no Protocolo de Kyoto, e por isso não inclui os Estados Unidos, que nunca o ratificaram.
- Concorda em estudar novos mecanismos de mercado para ajudar os países em desenvolvimento a limitar suas emissões e discutir essas propostas na próxima conferência, no final de 2011, em Durban (África do Sul).

FISCALIZAÇÃO DAS AÇÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PARA REDUZIR AS EMISSÕES
Esses países, especialmente os grandes emergentes, como China, Brasil e Índia, "em função de suas capacidades", divulgarão a cada dois anos relatórios que mostrem seus inventários de gases de efeito estufa, e informações sobre suas ações para reduzi-los.
Esses relatórios serão submetidos a consultas e análises internacionais, "não intrusivas", "não punitivas" e "respeitando a soberania nacional".

REDUZIR O DESMATAMENTO
- Traz o objetivo de "reduzir, parar e reverter a perda de extensão florestal" nas florestas tropicais. O desmatamento responde por 20% das emissões de gases de efeito estufa globais. Pede aos países em desenvolvimento que tracem seus planos para combater o desmatamento, mas não inclui o uso de mercados de carbono para seu financiamento.
- Exorta todos os países a respeitar os direitos dos povos indígenas.

Brasil pode ter 93% de energia renovável até 2050, calcula ONG


A organização não governamental Greenpeace lançou  na Conferência do Clima da ONU (COP 16), em Cancún, um estudo em que aponta ser economicamente viável que o Brasil tenha 93% da sua matriz energética baseada em fontes renováveis até 2050. Os 7% restantes seriam de gás natural, uma fonte de transição até que a matriz brasileira seja convertida em 100% renovável, ainda no século 21. O estudo foi feito em parceria com o Conselho Europeu de Energia Renovável (Erec).As modalidades incluídas pelo Greenpeace nessa projeção são a hidrelétrica, eólica, de biomassa, solar e oceânica (geração a partir da força das marés). Segundo o coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace no Brasil, Ricardo Baitelo, a decisão por aderir ou não a essa "revolução energética" é política.O relatório da organização projeta que, principalmente a partir da década de 2040, os custos das energias não renováveis e renováveis vão se descolar, sendo que o segundo tipo vai cair por causa do barateamento das tecnologias, enquanto que os combustíveis fósseis terão preço progressivamente maior na medida em que as fontes planetárias se esgotam.

A projeção do Greenpeace conclui que o custo do Megawatt-hora num cenário de “revolução energética” no Brasil deve se estabilizar em R$ 120 até 2050, enquanto que, se mantido o cenário de referência atualmente usado pelo governo, que inclui mais de 20% de termelétricas a gás e óleo, o preço deve estar em R$ 176. Para fazer o cálculo, partiu-se da premissa de que, com a adoção de valores para as emissões de carbono, o custo do uso de combustíveis fósseis deve aumentar. (Fonte: Dennis Barbosa/ G1)

Bactéria que ‘come’ arsênico altera definição da vida...

Um estranho lago salgado na Califórnia abriga uma bactéria igualmente estranha, que sobrevive à base de arsênico e que redefine a vida tal qual a conhecemos.A bactéria não só ‘come’ arsênico como também incorpora esse elemento tóxico diretamente ao seu DNA, segundo os pesquisadores.
A descoberta mostra como os cientistas sabem pouco a respeito das formas de vida na Terra, e pode ampliar enormemente o campo de busca por seres em outros planetas ou luas, disse a equipe financiada pela Nasa.
‘A vida tal qual a conhecemos exige elementos químicos particulares e exclui outros’, disse Ariel Anbar, da Universidade Estadual do Arizona, em nota. ‘Mas essas são as únicas opções? Quão diferente a vida pode ser?’
O estudo, publicado na revista Science, demonstra que um dos mais notórios venenos da Terra pode também ser a matéria-prima para a vida de algumas criaturas.
Anbar, Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa, e seus colegas encontraram essa cepa especial da bactéria ‘Halomonadaceae’ no lago Mono, na Califórnia, que foi formado numa região vulcânica, com minerais muito densos, inclusive o arsênico.
O lago está repleto de vida, mas não de peixes. Ele também contém as bactérias.
‘A vida é principalmente composta dos elementos carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo’, escreveram os pesquisadores na Science.
Esses seis elementos compõem os ácidos nucleicos – o A, C, T e G do DNA – e também as proteínas e lipídios. Mas teoricamente não há razão pela qual outros elementos não poderiam ser usados. Só que a ciência nunca havia encontrado nenhum ser vivo que os usasse.
Nessa pesquisa, os pesquisadores cultivaram micróbios do lago em uma solução de água com arsênico, contendo apenas uma pequena quantidade de fósforo.
A cepa GFAJ-1 da bactéria ‘Halomonadaceae’ cresceu quando havia só arsênico e só fósforo, mas não sem ambos os elementos. ‘Este organismo tem uma dupla capacidade’, disse em nota Paul Davies, da Nasa e da Universidade Estadual do Arizona. ‘Ele pode crescer com fósforo ou com arsênico. Isso o torna muito peculiar, embora fique aquém de ser alguma forma realmente ‘alienígena’ de vida, pertencente a um tronco diferente da vida, com uma origem em separado.’
Mas a descoberta sugere que os astrobiólogos – cientistas que procuram vida extraterrestre – não precisam restringir sua busca aos planetas que contém os mesmos elementos que a Terra.
‘Nossas descobertas são um lembrete de que a vida tal qual a conhecemos pode ser muito mais flexível do que geralmente supomos ou podemos imaginar’, disse Wolfe-Simon.
‘Se algo aqui na Terra pode fazer uma coisa tão inesperada, o que mais a vida pode fazer que ainda não vimos? Agora é a hora de descobrir.’

sábado, 4 de dezembro de 2010

COP 16

Começou dia 29/11, em Cancun (México), a 16ª Conferência da ONU para Mudança do Clima, a COP 16. Desta vez, no entanto, as expectativas são visivelmente mais contidas se comparadas às criadas para a COP 15 (realizada em dezembro último, em Copenhague, Dinamarca), muito pelo fracasso que o evento representou. Na ocasião, as expectativas para a consolidação da segunda fase do protocolo de Kyoto (2012-2020) foram frustradas nas últimas horas do encontro.
COP 16 tem sido encarada, sobretudo, como mais uma rodada de negociações internacionais acerca das mudanças climáticas, isto é, não são esperadas decisões de grande impacto ou acordos definitivos, ao menos por enquanto.A maior dificuldade prevista é a conciliação entre as recomendações da ONU, que visam reduzir em 40% as emissões dos Gases do Efeito Estufa (GEE’s), principalmente o dióxido de carbono (CO2), até 2020, e o posicionamento das duas nações mais poluentes do mundo, os Estados Unidos e a China.Com economias baseadas em energia termoelétrica, cuja geração depende de usinas que queimam carvão e emitem CO2 à atmosfera, os dois países protelam reduções menores, entre 14 e 17%.
Protocolo de Kyoto – Assinado em 1997, o Protocolo de Kyoto estabeleceu que países desenvolvidos reduzissem suas emissões de GEE’s em 5,2%, entre 2008 e 2012, com base nos níveis observados em 1990. O documento não contou com a assinatura dos EUA. Entretanto, a ONU afirma que será preciso reduzir as emissões em 40%, para que a temperatura do planeta não aumente mais do que 2 C° até o fim do século, em relação a 2005. Caso contrário, as consequências podem ser desastrosas, com o derretimento das calotas polares e o desaparecimento de espécies animais e vegetais, bem como danos consideráveis em cidades costeiras.
Há, contudo, pontos em que as negociações tendem a avançar, como no caso do programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+). Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 20% de toda a emissão de GEE’s estão relacionados ao desmatamento.O REED+ permite que nações em desenvolvimento sejam capazes de manter o crescimento industrial sem, no entanto, degradar o meio ambiente, casos da China, Índia e do próprio Brasil.
Alternativas - Neste cenário, organizações como o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) devem ganhar força a partir da produção e comercialização de mudas nativas e da recuperação de biomas, como o Cerrado e a Mata Atlântica. No caso do IBF, em especial, todo o recurso obtido é reinvestido em programas e projetos socioambientais.Um exemplo é a recente parceria fechada entre o IBF e o Google para a criação da Floresta Doodle. O projeto prevê o plantio de 100 mil árvores, num total de 550 mil m2 de área a ser reflorestada, o que corresponde a 17 toneladas de CO2 capturadas da atmosfera.
Por meio de ações desta natureza, a expectativa é de que o “negócio da sustentabilidade” seja alavancado no Brasil e permita que o país cumpra sua ousada meta de redução das emissões de GEE’s: 39% até 2016, quatro anos antes da segunda fase do Protocolo de Kyoto, do qual foi isento em sua primeira fase.
Para o presidente Lula, esta e outras medidas possibilitam ao Brasil chegar à Conferência de Cancun como protagonista, contribuindo nos esforços globais relativos às mudanças climáticas. "Assim, o Brasil também está decidido a cobrar as decisões dos demais", disse à Assessoria de Comunicação do Governo Federal.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), as negociações do REDD+ já estão avançadas e o texto que está na mesa, suficientemente maduro. O consenso é de que o programa será implantado em três fases: a primeira é a produção de conhecimento e de estratégias, englobando a estrutura institucional, o monitoramento e o inventário florestal; a segunda se baseiana implementação de políticas e medidas; e a terceira é o pagamento pelo desempenho, com base na quantificação das emissões e remoções por florestas, em relação aos níveis de referência acordados. "Queremos um sistema que tenha benefícios para o clima, para as populações, para a biodiversidade e que estimule a economia da floresta", destaca Branca Americano, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA.
Ainda de acordo com o Ministério, a fase 3 do REDD+ pode criar certa polêmica, pois é a única a permitir a presença do mercado, ainda que com as salvaguardas que serão definidas posteriormente. Além disso, o nível de detalhamento do programa dependerá do andamento das negociações em relação a outras propostas,que devem ser consideradas e balanceadas a ele.
De Cancun poderá sair, ainda, uma decisão sobre como serão destinados os US$ 30 bilhões para o período 2010-2012, comprometidos aos países em desenvolvimento durante a COP 15.
A chanceler mexicana Patricia Espinosa disse, em recente entrevista à Agência EFE, que seu país confia em que, na cúpula, seja acordado o mecanismo de financiamento de longo prazo conhecido como "fundo verde", estabelecido em US$ 100 bilhões anuais, a partir de 2020.
A COP 16 ocorre até 10 de dezembro, em Cancun, México, e tem a previsão de 25 mil participantes, entre delegados de 194 países.